RIO - Restrito a uma parte da família olímpica e a pessoas credenciadas, o BRT Transolímpico (Deodoro-Recreio) começou a operar na segunda-feira, mas, às vésperas dos Jogos, não funcionou até o destino final. Devido a uma obra entre as Estações Magalhães Bastos e Vila Militar, os passageiros só conseguiram chegar até a estação Marechal Fontenelle, a antepenúltima do sistema. A previsão é que, a partir de quinta-feira, as duas estações sejam incorporadas ao sistema.
Uma voluntária americana, que foi até o Recreio para pegar o BRT até a Vila Militar, foi informada por um funcionário, ao chegar no Terminal Paralímpico (Recreio), que o local ainda estava em obras. Foi preciso que um outro fiscal dissesse que o terminal tinha sido inaugurado:
— Eu fiquei confusa porque o comitê organizador nos informou que poderíamos usar o BRT. Ainda bem que outro funcionário chegou e me tranquilizou, afirmando que o serviço começaria nesta terça-feira (ontem) — disse a americana, que pediu para não ter o nome divulgado.
O serviço de ligação do Jardim Oceânico ao Terminal Olímpico também apresentou contratempos. Os passageiros que utilizaram a rota tiveram que embarcar na Estação Bosque Marapendi, já que a Estação Jardim Oceânico ainda está em obras. A previsão é que ela seja inaugurada até 1º de agosto.
À tarde, por volta das 15h30, o problema se agravou. A porta de entrada da Estação Bosque Marapendi ficou travada, e o local chegou a ser fechado. De acordo com o gerente do BRT, Alexandre Castro, o problema ocorreu devido a uma falha mecânica.
— Um funcionário estava realizando a manutenção do sistema, e a porta travou, provocando o fechamento. Para contornar o problema, a gente abriu a porta do outro lado da estação.
NO TRAJETO, GRADES DEPREDADAS E ESTAÇÃO SEM CATRACAS
O primeiro dia de operação de dois trechos do serviço olímpico foi para poucos — na verdade, apenas voluntários e funcionários do BRT. À tarde, repórteres do GLOBO embarcaram sozinhos num ônibus articulado com capacidade para transportar 160 passageiros. Da estação Bosque Marapendi até o Terminal Centro Olímpico, com parada na estação Barra Shopping, foram 23 minutos. A partir desta terça-feira, o trajeto será feito 24 horas por dia.
No caminho, o ônibus teve que reduzir a velocidade na altura da estação Riviera — ainda fechada — por causa de um um pedestre que ocupava a faixa exclusiva do BRT. Ele tentava atravessar a Avenida das Américas. Na altura da estação Roberto Marinho, um carro aproveitou a faixa exclusiva para fazer um retorno proibido, obrigando o ônibus a diminuir a velocidade e buzinar em alerta.
TERMINAL SEM LIXEIRA E BANCOS
No terminal Centro Olímpico, há muita coisa por fazer. Não há catracas e o espaço aberto permite que qualquer pessoa se aproxime e tente embarcar em um dos ônibus. Ao ser questionado sobre a instalação de catracas, um dos fiscais da prefeitura informou que elas devem ser instaladas nos próximos dias.
— Falta muita coisa. Não tem placas, não tem lixeiras, catracas, nem bancos. A única coisa pronta é a estrutura do terminal e os banheiros. Não sei como vai funcionar, mas acredito que as catracas sejam instaladas nos próximos dias para que haja mais controle sobre quem está entrando no terminal — disse.
O trecho entre o Terminal Paralímpico, no Recreio, e a Vila Militar, que servirá a quem for assistir às competições olímpicas no Complexo Esportivo de Deodoro, apresenta problemas ainda mais graves. No Transolímpico, já há grades depredadas e as faixas foram invadidas antes mesmo de serem abertas ao trânsito. No local, crianças soltam pipas, brincam e andam de bicicleta. Mesmo sem tráfego, o perigo é evidente, já que há um pequeno fluxo de veículos, como carros de funcionários, motocicletas da Polícia Rodoviária Federal e os ônibus do BRT.
A Prefeitura do Rio informou que a concessionária ViaRio, que administra a via, já iniciou o reparo e lembra que “no local onde as grades foram rompidas, existe uma passagem subterrânea que leva à estação Marechal Fontenelle, além de sinalização informando sobre a proibição de pedestres e ciclistas”. Em nota, o órgão afirmou ainda queo rompimento das grades é um ato de vandalismo que põe em risco a vida das pessoas que tentam circular indevidamente no local a pé.
O percurso entre o terminal no Recreio e a estação em Sulacap foi feito em 24 minutos. Em clima de teste, mesmo sem passageiros, foram feitas paradas em três estações: Olof Palme, Riocentro e Morro do Outeiro. Até 1ª de agosto, o percurso será estendido até a Vila Militar, em Deodoro.
VIAGEM DE 40 MINUTOS
Outros dois trechos serão inaugurados até o primeiro dia de agosto. Um deles ligará o Terminal Centro Olímpico à estação de Vicente de Carvalho. A estimativa é de que a viagem dure 40 minutos. O outro trecho olímpico ainda a ser concluído ligará o Terminal Jardim Oceânico à estação Golfe Olímpico. O tempo estimado de viagem é de 20 minutos.